Fractais e os Grupos Sociais



O fractal.  Resumidamente, um fractal é uma forma geométrica que pode ser dividida em partes que são, cada uma, tão complexas quanto o formato original da figura.  Ou seja: após essa divisão, cada parte terá sempre o mesmo formato da figura original.
Considere uma árvore: os principais galhos são tão complexos quanto a árvore em si. Em essência, o galho é "uma cópia em escala reduzida do todo". Um galho plantado no chão seria indistinguível de uma árvore.  Iterativamente, os galhos dos galhos são eles próprios cópias em escala reduzida da árvore, e assim por diante.
Adicionalmente, considere imagens geradas por computador que tenham qualidades fractais.  Nesse caso, desenha-se uma estrutura complexa que aparentemente possui bordas irregulares, conquanto bem definidas.  Uma análise mais detalhada de uma borda vai revelar uma estrutura que é tão complexa quanto a imagem original.  Mantendo-se esse procedimento iterativamente, uma análise mais detalhada da borda dessa borda irá revelar novas e igualmente complexas estruturas, ad infinitum.
A ideia básica é que cada observação revela uma nova complexidade e singularidade. 
A topologia da sociedade possui qualidades fractais.  Partindo-se de um ponto de vista global, tendemos a ver os países como agregados homogêneos.  Pressupomos que cada país possui certos atributos que automaticamente se reproduzem em todos os seus habitantes — existem chineses, existem americanos, existem indianos, existem russos e existem brasileiros.
De acordo com essa visão, o cidadão A do país X nada mais é do que uma personificação ideal das características agregadas que são atribuídas a X.  Imediatamente alegamos saber tudo sobre A simplesmente porque sabemos que A é um cidadão de X.  "Eles agem dessa forma porque ele é francês e ela é russa".  Essa é uma maneira perigosa e excessivamente simplista de classificar homens e mulheres que agem, como veremos.
Vamos aplicar o conceito de fractais e centrar nossa atenção apenas em um grupo social X qualquer.  Olhando-se exclusivamente para X, percebemos variações complexas dentro do grupo.  Ao invés de um grupo homogêneo, descobrimos uma diferença que é similar à complexidade observada em relação aos países do mundo. Um país é formado por diferentes estados ou regiões. Cada estado, por diferentes cidades. Em cada cidade, instituições e ou grupos sócias dos mais diferentes.  E dentro de um grupo social, uma complexidade individual sem tamanho. Pegando-se um grupo social X qualquer como exemplo, é possível perceber diferenças gritantes entre seus componentes. Repentinamente, um grupo social, que até então víamos como um uma entidade homogêneo passa a ser o agregado de várias pessoas singulares.
Seríamos arrogantes a ponto de criar o tipo ideal de grupo social?  Um indivíduo dentro de um grupo tem dificuldades para visualizar as diferenças existentes em outro grupo. A habilidade de generalizar, por vezes, impede de perceber a complexidade de algo que parece óbvio e homogêneo à primeira vista. Uma vez feito uma análise mais detalhada revela-se variações dentro de um grupo que são tão complexas quanto aquelas entre os países.  À medida que vamos aprofundando essa análise iterativa percebemos um padrão de diferenças ad infinitum.

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