Como Começar uma Revolução

"Como Começar uma Revolução" revela a notável história de activismo moderno e o poder dos povos para mudar o mundo, através do legado de um despretensioso homem, o Professor Gene Sharp, fundador da Instituição Albert Einstein. Este tranquilo professor universitário, através do seu livro, "Da Ditadura à Democracia", um manual de 198 "armas" estratégicas não-violentas, tem ajudado, decisivamente, líderes revolucionários a derrubar os governos e regimes dos seus países, entre os quais: Guatemala, Austrália, Tailândia, Birmânia, China, Japão, Geórgia, Irão, Curdistão, Rússia, Sérvia, Ucrânia, Venezuela, Vietname, Zimbabwe, etc

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Os 198 métodos:
http://mendelitas.net/blog/wp-content...

O livro: "Da Ditadura à Democracia" em pdf. Versão original em inglês
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O livro: "Da Ditadura à Democracia" em pdf. Versão traduzida em pt.br.
http://pt.scribd.com/doc/117387921/Da...

O Positivismo Lógico e o Sentido da Metafísica

O positivismo lógico – ou neopositivismo – é uma corrente filosófica desenvolvida e professada pelo famoso Círculo de Viena, grupo de intelectuais que teve grande relevância no cenário da filosofia analítica no começo do século XX. Essa tese se preocupou, basicamente, em determinar claramente que proposições teriam sentido ou não, para determinar o campo possível do conhecimento proposicional. Descobrir se uma preposição tem, ou não, significado, seria uma atividade obrigatória e anterior à investigação científica. De fato, a preocupação dos neopositivistas era excluir do campo da investigação possível diversos problemas filosóficos que, segundo eles, eram pseudo-problemas, repousando sobre uma confusão semântica.
O neopositivismo é marcado por uma postura anti-metafísica. Sabendo disso, podemos entender que os principais pseudo-problemas citados por eles são os problemas metafísicos, como, por exemplo, a existência de um mundo sobrenatural. Segundo eles, problemas como esses não tinham significado e, por isso, não poderiam ser investigados; debater sobre eles seria inútil.
Para fundamentar essa tese, o neopositivismo serviu-se de uma concepção epistemológica conhecida como verificacionismo. Segundo essa concepção – que trata do significado de uma asserção – somente dois tipos de proposição têm significado:

1) As proposições analíticas ou contraditórias – Chama-se analíticas as proposições cujo valor de verdade (Verdadeiro ou Falso) pode ser descoberto com base unicamente na análise de seus termos. Por exemplo: “Todo homem solteiro é não-casado”. Essa frase é verdadeira, e descobrimos isso apenas analisando os conceitos da proposição: ela é, por definição, verdadeira. Outro exemplo seria: “A parte está dentro do todo”. Uma proposição contraditória também tem significado. Exemplo: “Eu sou mais alto do que eu mesmo”. Necessariamente falso e, para descobrir essa falsidade, basta analisar os componentes da frase.
2) As proposições cujo valor de verdade pode ser verificado empiricamente – Ou seja, qualquer proposição cujo “valor de verdade”  podemos determinar com auxílio da experiência, por métodos empíricos semelhantes aos que as ciências usam. Exemplo: “Hoje está um dia quente”, ou, “O evolucionismo é uma tese verdadeira”. Observação empírica, segundo eles, resolve a questão.

Pois muito bem, com base nesse critério verificacionista, vemos a metafísica ir pelo ralo. O clássico problema, que tanto gera desilusões e conflitos, que faz o Literatortura [principalmente eu] ser acusado de evangelismo e tudo o mais, também perde o sentido. A existência de Deus é um pseudo-problema, para os neopositivistas. Pois a proposição “Deus existe” não é nem analítica nem contraditória (nesse último caso, há quem defenda a contradição, com base no problema do mal; mas isso já caiu por terra há alguns anos), e também não é empiricamente verificável. Sendo assim, essa proposição, “ Deus Existe” , não tem significado. Mas, reparem, o oposto também: “Deus não existe”, cai no mesmo problema. Segundo os neopositivistas, essa proposição também não tem significado, pelos mesmos motivos. Desse modo, o problema da existência de Deus é um pseudo-problema, e deveria ser abandonado. De fato, toda a metafísica, segundo esses filósofos, é uma rede de pseudo-problemas, inúteis, e inverificáveis.
Essa tese fez bastante sucesso durante algumas décadas e ficou conhecida como “a concepção científica do mundo”. Por um bom motivo. Os neopositivistas privilegiaram, dum lado, a ciência como fonte de conhecimento, pelo seu método empírico, e, pelo outro, a lógica formal e a análise da linguagem, por seu rigor na investigação semântica. O Círculo de Viena perpetrou um dos maiores – se não, o maior – ataque à metafísica da história, pois atacou o próprio sentido dessa área.
Hoje em dia, no entanto, é muito pouco provável que alguém se declare neopositivista. Há um motivo bastante simples para isso: o verificacionismo, base para o positivismo lógico, enfrenta, e não consegue vencer, assim como outras teses filosóficas – relativismo e ceticismo pirrônico, por exemplo – o problema da autorreferência.
Assumamos que o verificacionismo é verdadeiro. Só têm significado as proposições e teses que são analíticas ou podem ser empiricamente verificáveis. E a tese do positivismo lógico? E a proposição “O verificacionismo é verdadeiro”? É analítica? Não. Analisando-se os termos da proposição, não chegaremos ao seu valor de verdade. Mas, então, o verificacionismo é empiricamente verificável? Também não. Como poderíamos, empiricamente, chegar à verdade do verificacionismo? Não é possível. Mas, se o verificacionismo não é nem analítico, nem empiricamente verificável, então, usando seus próprios critérios, ele é uma tese sem significado. Ou seja: o verificacionismo é autorrefutável.
Por João Víctor