Eu já sabia que existiam teorias de aerodinâmica explicando o fenômeno, e sabia que as aves se revezam na dianteira da formação. Mas nunca havia buscado informação para entender por que elas o fazem. Já tinha ouvido falar também de tentativas alternativas de explicar o fenômeno. Uma delas seria a de que o animal na dianteira é o único a prestar atenção à rota, deixando os outros “descansarem o cérebro”, hipótese que sempre achei estranha. Outra tese falava em uma “estratégia contra predadores”.
Agora, finalmente, um estudo na revista “Nature” descreve um fabuloso experimento com um grupo de íbis-eremitas, uma ave do Mediterrâneo, oferecendo evidência experimental para a teoria puramente aerodinâmica da formação em “V”. No trabalho, cientistas treinaram um grupo de aves para seguir um biólogo pendurado num ultraleve, como se ele fosse o “líder do bando”.
Os cientistas, liderados por Steven Portugal, da Universidade de Londres, conseguiram gravar um vídeo de 43 minutos dos íbis sobrevoando colinas na Toscana. No trajeto recolheram evidências que comprovaram uma teoria aerodinâmica específica sobre a formação em “V”.
A resposta? Quando a aves que segue na frente batem suas asas, o movimento cria um vórtice de ar girando para fora. Uma ave que siga esta outra ave alinhada com a ponta da asa da líder pode aproveitar uma breve corrente de ar direcionada para cima, em um trecho específico do vórtice. Esse fluxo de ar ajuda a sustentar a ave em voo, sem que seja necessário bater as asas com tanta força para vencer a força da gravidade.
Uma teoria parecida com essa também explica a vantagem da formação em V para aviões de guerra, com exceção de que em aeronaves –que não batem as asas– a física por trás do fenômeno é bem mais simples. De um jeito ou de outro, as peças do quebra-cabeças estão unidas agora.
A divisão de jornalismo da “Nature” produziu o excelente vídeo abaixo sobre o experimento com os íbis. Vale a pena ver.
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