Cosmos: uma nova jornada, a mesma missão



Carl Sagan / Foto: Divulgação

"O Cosmos é tudo que já foi, tudo que é, e tudo que um dia será..."  essas palavras abrem Cosmos, o seriado que gela a espinha. Compreensão imediata: sou um cisco no olho da eternidade. A probabilidade de nosso universo existir é de uma em um zilhão. Qualquer outra combinação de massa, forças gravitacionais, e outras infinitas variantes, e nenhum de nós estaria aqui. Quase tão impensável é que um programa de TV explicando este mistério tenha sido campeão de audiência.

Cosmos - Uma Viagem Pessoal é uma história do universo e de nossas tentativas de explicá-lo. Foi visto por meio bilhão de pessoas desde sua estreia em 1980. Ninguém atravessa os treze episódios ileso. Teorias antigas e novíssimas ali ganham face humana, humor, tempero e porquês. O roteiro refuta a superstição, mas abraça terno nossas idissioncrasias, necessidades, fraquezas.

Como o nome diz, é uma viagem pessoal, uma viagem que cada espectador faz com seu idealizador e apresentador, o físico Carl Sagan. Sua voz explicando que todos os átomos do nosso corpo foram criados no interior de estrelas, que somos todos feitos de "star stuff", ecoa há décadas, redescoberta geração após geração.

Ouça as palavras de Carl Sagan sobre nosso pequeno ponto azul...



Em 2014 Cosmos ganhará uma sequência, produzida pela viúva e parceira de Sagan, Ann Druyan, e pelo comediante Seth MacFarlane, criador de Family Guy, como muitos, fã de Cosmos. Desde a morte de Sagan, em 1996, Ann elegeu como protagonista e cabeça criativa da nova série o astrofísico Neil deGrasse Tyson. É cientista respeitado e carimbado apresentador de TV, do programa Nova. Dirige o Hayden Planetarium em Nova York. É figurinha fácil na mídia americana (foi eleito "astrofísico mais sexy" pela revista de fofocas People). Vive pelos talk shows, divulgando seus livros e sua pauta humanista.

O novo seriado chama Cosmos: A Space-Time Odissey (uma odisséia no espaço e no tempo). Terá estrutura inspirada pelo original e um orçamento bem maior. O projeto é ambicioso. A tecnologia evoluiu entre 1980 e hoje do que em qualquer outro período da história. Este programa precisa criar esta ponte entre décadas, projetar o amanhã, e ainda ser relevante para quem não viu a série original. Tyson resume: ciência rigorosa, temas inspiradores, e uma chamada à ação pelo conhecimento, contra a ignorância.

Neil DeGrasse Tyson / Foto: Divulgação

Razão, emoção, ativismo. Uma missão e tanto. Nossa ciência acelera em velocidade de escape. Será intransponível o abismo entre o avanço do nosso conhecimento, e a lerdeza de nossas instituições? Primatas metidos a besta, será a natureza humana tão permanente quanto a Via Láctea? Estaremos destinados a viver em um futuro mal distribuído, como cravou o escritor William Gibson?

Carl Sagan nos fez crer que não. Que cada um de nós pode viver já em um mundo que não é assombrado por demônios. É para isso que estamos aqui: somos o pedaço do Cosmos que aprendeu a refletir sobre a própria existência. Mas Sagan ensinou também que além da luz da razão, o Cosmos nos fez também campeões de outros valores - compaixão, tolerância, e um espírito de aventura, por quê não? É um lindo legado  que agora é passada para Neil De Grasse Tyson. E que todos nós devemos carregar com orgulho, e passar às próximas gerações.

Veja o trailer de Cosmos: A Space-Time Odissey:


Fonte: Adaptação feita no texto de André Forastieri 

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