ALTRUÍSMO EGOÍSTA


Por que uma pessoa arriscaria a própria vida entrando em um prédio pegando fogo para salvar uma criança que não consegue sair? A pessoa entrou no prédio por uma preocupação pelo bem estar da criança? Para depois poder ser vista como um herói e reconhecida socialmente? Para se livrar do sentimento de culpa que surgiria caso ela não tivesse feito nada para ajudar? Buscar uma motivação única e causal é um exercício ingênuo. Porém será que alguma dessas motivações ocorre primeiro e é mais importante que outras?

De acordo com a sociobiologia, o comportamento humano pode ser compreendido através de uma abordagem evolutiva. Os mecanismos determinantes do comportamento pró-sociais parece justificarem-se no benefício próprio. Muito embora os interesses individuais quase sempre passem despercebidos em meio a relações sociais tão complexas.

Entenda-se por interesses individuais o objetivo mais profundo de sobreviver e perpetuar seu material genético. Sob este víeis a Seleção de Parentesco explica porque quanto maior for o grau de parentesco entre dois indivíduos, maior serão o compartilhamento de material genético e consequentemente maior os comportamentos altruísticos. Pois, um gene, que produza, como um de seus efeitos, um aumento das chances de sobrevivência de cópias de si mesmo presentes em outros indivíduos, pode ser favorecido pela Seleção Natural. Dessa forma, espera-se que comportamentos altruísticos sejam mais frequentes entre parentes próximos.

Mas e se o indivíduo não for aparentado, como entender a relação altruísta? Em situações catastróficas de ordem natural, por exemplo, nota-se que alguns cidadãos se preocupam em prestar auxílio a pessoas desconhecidas. Exemplo de situação em que é difícil imaginar a ajuda como um benefício próprio. Entretanto, se de alguma maneira, a cooperação no passado longínquo foi uma importante estratégica para auto-preservação, ela certamente foi selecionada já que também se aumentavam as chances de sobrevivência.

Hoje, camuflada às causas abstratas, ideológicas e políticas, as ações de boas intenções visam à própria satisfação. Romantizadas em filmes e desenhos animados pelos super-heróis, nada mais são do que estratégias de benefício para o grupo social. Uma construção sutil de comportamentos para o próprio bem do indivíduo e, por consequência, da espécie. 



 

Um comentário:

  1. Esta é a minha visão atualmente sobre o altruísmo. Ninguém que faz o bem, o faz porque é uma boa pessoa, mas sim porque é do seu interesse. Seja ele a perpetuação dos genes ou até mesmo para entrar no céu.

    Isso não nos faz pessoas ruins, mas sim capazes de sobreviver e passar os nossos genes adiante.

    Ótimo texto.

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