Se o Império Romano possuía o Coliseu e as batalhas
sangrentas, o Brasil possui o Maracanã e o futebol. Essas arenas podem promover
espetáculos diferentes em épocas diferentes, mas o princípio do Circo se
mantém. Oferecer divertimento ao povo e, consequentemente, distraí-lo dos
assuntos governamentais é a base da política Panis et circense.
O futebol não nasceu no Brasil, porém o Brasil é, definitivamente,
o país do futebol. Essa identificação dos brasileiros com o esporte é observada
pelo seu predomínio nas ruas, nas escolas, nos meios de comunicação, na
economia e também nos incentivos governamentais.
A Copa do Mundo é um torneio internacional de futebol que
mobiliza milhões de brasileiros sob o sentimento de nacionalismo. Um sentimento
que ascende as esperanças. Mas só um fôlego. Nada mais. Pois enquanto a maioria
esta preocupada com o balançar das redes pela pelota, os outros setores de
desenvolvimento, como educação e saúde, são deixados na reserva.
No apito final, não há melhorias significantes nas condições sociais do país. O elo futebolístico foi só uma distração. Diante da situação indiferente, o povo está enfraquecido o suficiente para não se mobilizar contra os proprietários. Por isso, uma identidade brasileira. Ou pelo menos, assim o querem os proprietários de empresas multinacionais. E, quando principiar um mínimo de forças, outra partida é iniciada, desviando-se novamente o centro das atenções.